terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Flor

(Queria tratar desse texto como uma carta de amor à todas as pessoas que me ajudaram, da maneira que podiam, a finalmente entrar num estado onde fosse possível poder escrever tais coisas com tanta sinceridade e calor no peito. Amo vocês.)


  É normal não percebermos o que temos até perdermos tais coisas. Como já dizia aquela música de The Head And The Heart, "10,000 weight in gold never feels like treasure until you lose it all." Mas nesse caso, não é como se eu tivesse perdido ouro.
  Faz alguns dias que meus dias são apenas DIAS. Normais. Mas agora me dei conta. Eles não estão "normais". Se os vejo assim, isso é culpa dessa vontade humana irritante de normalizar tudo, de alinhar os altos e baixos da vida, de NÃO DAR IMPORTÂNCIA. Onde eu quero chegar é: Meus dias mudaram. Isso ( minha vida) não é normal. Não ter aquela angústia sem sentido apertando e torcendo meu peito não é normal. Acordar e não ficar triste por isso não é normal. Não ter medo do silêncio e da solidão noturna não é normal. Parar de pensar que eu não poderei presenciar certos eventos futuros porquê eu não sei se EU poderei me manter a salvo até lá não é normal. Percebo agora que perdi muito nesses meses e é com um prazer curioso que me vejo bem.
   É engraçado ver as coisas sem esse peso escuro e violento pintando meu espírito em tons sombrios. De alguma maneira, sinto-me sem dor, só com amor pra dar. De alguma maneira, sinto-me uma flor, finalmente a desabrochar.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Quadro

  Temos pincéis e somos quadros vazios. Saímos de casa e pintamos, mas não nós mesmos, não nossos quadros. Por que? Minhas cores não condizem com as suas. Minha pele não te pertence. Não sou teu quadro! Então, de rebeldia colorida, me pinto. Minhas cores, minhas tintas, meu quadro, meu pincel. Mas eles se enfurecem, querem ditar minhas cores, cortar meus valores. Me deixem sentir minhas dores!
  Vamos, por amor, ser artistas dos nossos próprios quadros. Vamos, pelo amor à nós mesmos e pelo amor dos amados, nos pintar com nossos próprios e adoráveis traços.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Catarse

  Acho que andei uns 20 minutos pra chegar aqui. Não é o melhor lugar para o que eu pretendo fazer, mas é o melhor que consegui. Há 3 crianças brincando com uma bola, eles me observam de volta por um tempo mas não tem porque perder tempo comigo. Continuam a brincar.
  Nos últimos dias estive sedento por razão. O tempo todo em busca de racionalidade. Porque assim as coisas se simplificam. Assim as coisas se tornam mais toleráveis. Mas hoje eu procuro outra coisa. Algo que ainda não sei o nome, mas sei que existe, e eu vou ter.
  Não vou dizer que esta é a razão porque a racionalidade não resolve os problemas por si só. Sempre essencial, sim, mas integral não. Sei disso porque não podemos (nem sempre e não desse jeito) racionalizar nossas emoções. Ainda mais tantas e tão fortes quanto as que eu guardo aqui dentro.Apoio que elas merecem ser sentidas e cada uma delas valorizada.
  Então, apesar de tudo, eu sinto. Vou sentir e não vou me envergonhar disso. Acho que lembrei do que vim procurar aqui: Catarse
  Eu quero seguir em frente e eu vou. Eu vim aqui para sentir e seguir, porque se eu não racionalizar que eu NÃO POSSO racionalizar tudo, se eu não sentir o suficiente para que depois eu não tenha aquele vazio por dores mal sentidas, se eu não me dispor a ter uma solitária reunião comigo mesmo eu talvez não consiga. Talvez não consiga continuar.
  Mas estou aqui. Estou sentindo. Estou progredindo. Estou aceitando. Estou crescendo. E, me afastando das emoções por alguns momentos, quero me perder em razão. Porque ela me diz que tudo é temporário, ela me diz que é normal não se ter o que quer, ela me diz que as coisas não costumam a dar certo e ela me sussurra gentilmente no pé do ouvido que um dia vão dar.


CATARSE
Substantivo Feminino

1- na religião, medicina e filosofia da Antiguidade grega, libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de um ser e que, por isso, o corrompe.
 
2- estét teat purificação do espírito do espectador através da purgação de suas paixões, esp. dos sentimentos de terror ou de piedade vivenciados na contemplação do espetáculo trágico
 
3-psicn operação de trazer à consciência estados afetivos e lembranças recalcadas no inconsciente, liberando o paciente de sintomas e neuroses associadas a este bloqueio.
 
4-psic liberação de emoções ou tensões reprimidas, comparável a uma ab-reação.
 
5-psic efeito liberador produzido pela encenação de certas ações, esp. as que fazem apelo ao medo e à raiva.   
 

sábado, 21 de janeiro de 2017

Armadilha

Sinto os dentes da armadilha furarem meu tornozelo. Estou estático. Preso como um urso indefeso no meio da floresta. Qualquer movimento pode aumentar a ferida e fazer sangue jorrar por todos os lados. Olho para o meu pé dentro dos dentes e me pergunto se isso irá me libertar tão cedo. Agora dói, a incerteza me captura em angústia. Mas a maior dor não é a mordida ou a prisão temporária. A maior dor é continuar imaginando como vai ser quando eu for libertado. Continuo imaginando quanto sangue vai sair e quanto tempo irá demorar pra cicatrizar. Tudo de novo. Dor e Choro. Me dar por todo. Sem pedidos de socorro. Não quero ser solto.

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Doux

Je suis entré dans ma chambre méthodiquement. C'etait tout bien différent, de peinture murale aux planchers de bois récemment placé. Je me suis arrêté derrière mon vieux bureau et j’ai respiré à fond. Je passais des heures dans cette chaise à jouer en ligne avec mes amis. Ah, je manque les bons moments ! À ma droit, le mure reste sans mes vieux posters déchirés. J'adorais écouter des musiques couche dans mon lit jusqu'à je suis arrasée. Maintenant, le mure est perdu dans un peinture bleu noir. Aujourd'hui c'est tout plus simple. C'est tout plus normal. Cette chambre cache ma passé, je n'appartiens pas ici. Je sors ma chambre e je ferme la porte avec affection.

J'appartiens au présent, même si le passé à été très doux.

domingo, 8 de janeiro de 2017

Arte

A arte está no distanciamento. No andar na rua, na visão única, sem o véu do blasé. A arte está em ver as coisas de longe, como elas realmente são. Os artistas nasceram para pegar aquilo que é comum, subestimado e normal e nos afastar disso. Quando nos afastamos, podemos julgar melhor, podemos apreciar melhor. A arte é isso.
Quando faço meu percurso até a faculdade, aquele mesmo que já fiz quinhentas vezes, eu não costumo olhar, não costumo perceber. Os pássaros no céu, a água e a ponte distante. É tudo parte da minha rotina, do meu normal. A repetição nos rouba a arte. A mesmice, o dia a dia. Mas então, quando estou felizmente disposto, eu me afasto. Olho aquele cenário como um turista. Vejo as coisas como se fosse a primeira vez. "Olha aquela ponte, como é enorme! A água, tão vasta... Provavelmente muito funda também." É tão... belo.
E assim a arte nos salva, nos afasta e nos tira do terrível blasé. A insana arte é a maneira mais eficaz de manter o mundo são.