sexta-feira, 14 de abril de 2017

Uma carta de amor para mim mesmo

É engraçado, te ver aí, nervoso, inseguro, triste. Triste. Principalmente triste. É engraçado porque eu vejo seu potencial. Vejo como sua tristeza é forte mas também vejo como sua alegria é intensa. Ela é quente, contagiosa e bonita. E é só assim, te vendo de fora, com um olhar distante, que posso realmente te enxergar. Queria poder te gritar as coisas mas tenho medo que não me escute. Embora eu saiba o quão perfeito você é, também sei como você se nega tanto. Como você vira as costas para sua beleza. Ah se eu pudesse te fazer ouvir... Te fazer acreditar. Seu sorriso é do que mais gosto. Ele mostra que tá tudo bem, é seu porto seguro. Quando você ri, me sinto quente, sua risada me satisfaz, me acalma. É tão ruim te ver assim, com os cantos da boca para baixo.  Eu sei que as vezes você chora para tirar essa dor de dentro de você, dor que insiste em crescer, e me orgulho disso, claro que me orgulho. Mas por favor, não chore por muito. Te amo, dos textos sinceros aos trocadilhos sem graça. Não deixe ninguém te fazer pensar que você não merece ser amado. Porque você merece. Então, assim que a dor ir embora, sorria. Quero te ver intenso, ardendo, sendo. Quero te ver se amando e se vendo. Processo lento que começa de dentro. Então por mim, por nós, continue crescendo.

Culpa

Não se culpe
Pelo que ama
Pelo que ouve
Pelo que lê
Pelo que escreve
Pelo que diz o horóscopo
Pelo que pensa
Pelo que entende
Pelo que fala
Se culpe por ouvir os acusadores
Que te gritam "culpado!"
Porque não há culpa
Em ser quem você é
Nem em amar
Nem em ser amado

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Carência

É quando eu penso como me estilhaço, estrago, arraso por deliberada vontade, estremeço. Sinto falta de algo, um alvo. Mas quando vou dar nome aos bois, você aparece. Coloco seu nome na minha carência e teu lindo sobrenome na minha solidão fria de sábado à tarde. Te gosto, te gosto muito. Poderia até dizer que te amava. O que eu sinto falta e penso em você é só parte das bagunças de um cérebro confuso e um coração desajeitado. Sinto ou vou sentir sua falta.

E eu posso ser sincero aqui porque você nunca se interessou pela minha arte ou meu blog mesmo.

terça-feira, 11 de abril de 2017

gente

A gente se ama, se chama, se engana
A gente se beija, se deixa, se enfeita
A gente se desentende, se entende, se vende
Eu e você. Sempre por pronomes reflexivos que nem esse amor recíproco
Porque se houve algo, houve amor
Mas as coisas acabam, o rio seca, as árvores caem, o sol se esconde e a lua mostra a cara
Às vezes é só o tempo, pedindo suas mudanças tão cruciais, radicais e melancolicamente cruéis
Só o tempo querendo dizer que ele não é mais nosso e não somos mais dele
Por isso eu vou nessa, vou com o tempo, porque ir contra certas coisas só nos faria sangrar mais
E eu não quero que sangre, querida, nunca quis.
A saudade dos nossos tempos vai machucar um cado
Mas é porque valeu a pena, né?

sábado, 1 de abril de 2017

tempo

Tantos tempos querendo me provar
Mostrar, expor, ser por outros
Me encaixar numa avaliação alheia
Tantos tempos perdidos
Tantos dias vividos sem ter realmente sido
Perdidos em prioridades conturbadas e agrados mal direcionados
Tantos tempos dados para outros
Quando deveriam ser apenas meus
Tantos sorrisos, amigos, conhecidos
Tanto tempo acompanhado mas mesmo assim sozinho
Quero mais tempos
Quero viver sendo meu próprio querido
Ter o meu tempo e ser dele
Do jeito que sempre deveria ter sido