domingo, 7 de fevereiro de 2021

A situação do meu peito em Fevereiro

O turbilhão subiu das pernas para o peito
Deixou minhas panturrilhas com um vazio dolorido
Mas a latência involuntária não é mais como mil agulhas
Agora é pano quente que cobre meu tronco, pesado e úmido
 
Queria, num banho de rio, sentir tudo afora pela água 
E os restos, que a correnteza levasse
Mas água não cura solidão
E solidão velha e impregnada que nem essa não lava fácil 

Antes as barras dessa prisão fossem concretas
E os guardas, que decidem tão facilmente meu ir e vir, fossem cruéis 
E o colchão justificasse minha insônia
E as paredes infiltradas dessem nome à minha doença

Mas aqui amor é disfarçado de culpa
Cobrança é vendida como segurança à preço de dólar
Estar sozinho, pelo visto, foi minha escolha
Da cabeça aos pés, turbilhão 

E em algum lugar uma criança vai à rua
Me vê 2 reais de pão e uma coca
E seus sentidos anseiam, no máximo, pelo dia seguinte
E seu corpo, da cabeça aos pés, simplesmente é