quarta-feira, 19 de setembro de 2018

questionamento das obviedades de hoje

Esse texto vou escrever bem rápido e despretensioso porque nele quero apenas constatar e questionar o óbvio, e  não vai ser nenhum óbvio que me virá a mente amanhã ou ontem, então isso com certeza deve diminuir isso aqui em algumas linhas. Será esse texto então um amontoado de fatos, perguntas, e prováveis respostas. Irei torcer para que o entendimento possa se propagar do meu coração para minha cabeça e depois pelos dedos e aí então pelos olhos de outros, mas não irei prometer nada.

Quando acordei senti vazio de novo. Mais sutil do que aquele do dia seguinte à sua partida. Por quê ainda é vazio? Por quê ainda dói? Ele foi embora, acabou. Foi bom o que houve. Por quê foi bom? Por que testemunhei uma reciprocidade tão intensa quanto nunca. Sua aparência não era daquelas que me encantariam absurdamente caso o visse passar pela rua e sua personalidade era de traços que eu não vibrei de  prazer ao conhecer. Mas a soma de tudo... Sua alma, provavelmente, aquilo me fez encantar com todo o resto. Seus olhos castanho claro, seu subir e descer das sobrancelhas quando mantínhamos contato visual por muito tempo e isso o deixava desconcertado, seus gostos, seu carinho. Ele foi cristalizado na minha cabeça e no meu coração. Dentre as obviedades que quero questionar, a de saber por quanto tempo isso irá durar é a única que me mantenho distante. Não quero saber por antecedência porque isso nunca saberei e o ato de tentar só me deixaria mais longe de finalmente o conseguir.  

terça-feira, 18 de setembro de 2018

Filha do diabo

  Minha mãe sempre dizia que o pai da mentira era o diabo. Nunca  desmenti até porque eu, criança, com a mesma inocência de um adulto mas à anos do direito de poder negá-la, aceitei o fato de bom grado. O pai da mentira era o diabo e o diabo era mau.
  Não cresci um grande mentiroso mas que menti muito, ah se menti. Uma mentira aqui e outra ali, o Deus da minha mãe nem iria se dar conta, talvez até ele mesmo acreditasse em mim às vezes. Hoje, adulto, me dou o crédito de ter sempre mentido por bons motivos. Hoje, adulto, mentiroso e inocente. Bons motivos são a princípio de um conceito público mas que bastam serem questionados por alguns segundos que sua realidade pessoal vem à tona. Mentiras por bons motivos nunca passaram de mentiras pessoais e nunca chegariam a ser parte de um consenso. Eram mentiras.
  Em algum momento, minhas pequenas amigas nada verdadeiras começaram a tomar novas formas. Elas cansaram de viver na boca e fugiram para outro lugar. Não os ouvidos dos outros, não. Fugiram para dentro. Acharam em mim um hospedeiro saudável para se alastrarem. Não sei ao certo onde ficaram, mas imagino que meu coração tenha sido sua casa. Vermelho, pulsante, vivaz, grande anfitrião.
  Naturalmente as mentiras de dentro se tornaram perigosas. Até porque não é como se pudesse haver algum outro músculo que fosse tão intenso e poderoso como esse para produzir coisas tão intensas como essas. Penso no diabo e nas suas filhas, seriam as de dentro até mesmo tão perigosas quanto as de fora, mas pelo menos essas da boca nós sabemos o que são. Sabemos da verdade. A verdade só é verdadeiramente libertadora quando se sabe da mentira. A vida é assim, por cultura ou por instintos antigos da espécie, se sente mais com a perda do que com o ganho, e nada é avaliado sem comparar pesos. Nada é valioso por si só, e ponto.
  As filhas já me disseram que eu não era bom o suficiente. Uma vez, no canto do meu ouvido durante aquela tarde esverdeada de verão, me disseram que eu nunca poderia ser feliz. Suas vozes eram claras e iam do meu coração todo o caminho até meus ouvidos principalmente nas noites enquanto estava sozinho fugindo dos pensamentos. Elas me diziam que eu não podia sentir. Era errado. Era incorreto. Me faria mal.
  Mentiras. Elas dizem que eu não posso chorar por ele. Elas me gritam que eu não posso dar valor aos beijos fortes e abraços longos, que a água quente batendo nas nossas costas enquanto abraçados como um só é algo que precisa ser exterminado e, não sendo possível, guardado nos confins da minha memória, para que mais ninguém possa achar. Elas me sussurram gentilmente que tais pensamentos me fazem mal.
  Filhas do diabo, não as culpo. Sei que me querem o bem e realmente sinto muito por as ter deixado tanto tempo morar comigo, na intimidade do meu ser, talvez agora pensem que fazem parte de mim, mas não mais. Eu simplesmente não posso mais negar toda essa carga absurda que me veio junto naquele parto de cesariana aos berros da minha mãe no Rio de Janeiro em mil novecentos e noventa e seis, às oito e quarenta daquela noite de julho. O peso cresceu durante todos esses anos e hoje o carrego incerto, mas determinado a entendê-lo. Eu sei que a jornada vai ser longa, que tenho medo e não estou preparado, mas preparação nunca foi pré-requisito pra essa vida. Portanto, parasitas do coração, não sei se sentirei falta, mas começaremos a dizer adeus. Está na hora de finalmente abrir esse músculo às minhas próprias verdades, e elas desde já me falam coisas. Elas me falam melhora.

domingo, 16 de setembro de 2018

Ipanema and a night full of stars

I don't think that things happens for a reason
I think it's the other way around
If I didn't wake up early on that Saturday morning, if I didn't meditate and see your messages, this would never happen. If I didn't go to somewhere 3 hours away from home just to meet a complete foreign stranger, this would never happen.
And I'm glad it did.
We talked about parents, about caipirinhas de cachaça and capirinhas de vodka. We talked about the sky and about the beach. We also talked about the present, while holding hands and deciphering our eyes' colours. This, the present, this is where everything happens. It doesn't need a reason, it doesn't need a purpose. It happens while we breathe in and breathe out. It happens when the past has already gone and the future doesn't have anything to offer but uncertainties. That present was special, though. We, two strangers, met in a unknown place, looked for drinks and sang by the sand. We stayed in a silence more meaningful than a thousand words. We were drunk buddies, friends and even lovers. And that was it.
Today I cried. But they were not tears of sadness (of these ones I've already have a good knowledge and practice) even if I wasn't happy to say goodbye. They weren't tears of saudade (the portuguese substantive for missing someone), even knowing that I'll miss you. These tears, they were of a strange feeling of hope. These tears may have blurred my vision but they made it clear for me that good things can happen. And love is still a strong thing that can come into our lives, make a difference, change you and then it can say goodbye without hurting. And I won't say that it didn't hurt to hug you for almost two minutes before we said goodbye. It did. But that's a hurting I can handle. That's a hurting that shows how good was this weekend for me.

So it's over, but please just say you'll think of me, think of me fondly when we've said goodbye. Remember me, once in a while, promise me you'll try. Think of all the things we've shared and seen, don't think about the things which might have been.

Obrigado.

sexta-feira, 14 de setembro de 2018

uma narração de um dia e meio da vida

Memórias são um conceito falho. O tempo passa e até mesmo a melhor das mentes não vai retratar com precisão perfeita o que aconteceu, porque aquilo está perdido. É inocente da nossa parte pensar que não. Mas preciso relatar algumas coisas, mesmo que minhas memórias, mesmo as de ontem, já falhem em ordem, intensidade e talvez até mesmo veracidade. Mas contarei tudo no agora, pois não há nenhum outro momento de escrever. Quando se escreve é como quando se respira, só o fazemos agora, nem antes e nem depois. E é nessa importância do agora que irei me dispor à contar, porque mesmo que em frangalhos, memórias são contadas no presente, que as altera, as manipula. E o presente deve saber de algo importante para fazer desse jeito. Pois bem, o darei as honras.

Hoje: aproximadamente 16:00, 14 de setembro de 2018

Fecho a porta do meu quarto, o coração acelerado, sento na cadeira em frente ao computador e recuo um pouco para ter espaço ao trabalhar nesse nó apertado da sacola. Não demoro muito pra abrir, o sentimento é de ansiar por um tesouro. Quando consigo abrir, mosquitos brotam de dentro. Alguns passam pela minha mão com suas patinhas em uma velocidade anormal, como se estivessem saindo de um cativeiro e tivessem acabado de ser liberados após anos. Eles se comportam como animais que nem lembravam muito como voar, mas logo recuperam a memória e se espalham rapidamente a minha volta.

Ontem: 13 de setembro de 2018

Como regra, foi um dia longo da minha rotina semanal. Acordei cinco horas da manhã, fumei o resto de um paiol que havia do lado da cama, adiei o alarme alguns minutos até ser inevitável levantar-me sem me atrasar. Me atrasar voluntariamente, porque o trânsito foi incerto como sempre. Fiz a viagem em pé, cheguei n faculdade, lutei contra o sono, contra a fome e contra as minhas suspeitas. Consuelo estava estressada, Fernanda estava estressada. Quando os outros chegam, elas conversam mais do que comigo, quando os outros saem, o silêncio é uma porta que eu escolho deixar aberta ou fechada. E somente eu. Decidi que após a faculdade não iria para a academia. Ia voltar para casa e descansar as uma hora e meia que eu teria direito antes de ter que me arrumar e voltar para a cidade de novo, para a realidade. As vezes faço essa quebra na rotina porque hoje eu me dou conta de como estar deitado na minha cama, mesmo que alguns minutos, pode ser valioso. Antes de ir pra casa, comprei um cigarro, fumei-o, mas não vou listar as vezes que fumei com precisão, não só porque não lembro mas também porque seria irrelevante, apenas fumei. A mesma fumaça engolida com prazer e/ou culpa de sempre. Voltei para o trabalho, dei minha aula e me leram cartas. Renan lê essas cartas de Tarô. Perguntei em silêncio obviamente pelo assunto que mais me acompanha, dia e noite, hora após hora, inspiração após expiração. Quando irei parar de fumar?
Carta 1:influência do passado: algo ligado a sentimentos, instintividade em detrimento da razão.
Carta 2: influência do presente: revelar demais, de repente pra pessoas demais o que deveria ficar mais oculto. O sol ilumina mas também pode cegar.
Carta 3: Conselho: atitude, princípio de ação por minha parte
Carta 4: Resultado caso o conselho seja seguido: princípio de sucesso ou início de prosperidade.

Era isso: Eu precisava de atitude. Obviamente, como um fumante de mais de ano, não foi a primeira nem a vigésima vez que eu teria tido consciência da validez da minha atitude. Mas as cartas disseram, não eu, e por algum motivo isso teve mais valia. Eu sei que eu posso. Eu vi: É hoje, o grande dia. A mudança. Eu vou conseguir chegar no princípio de sucesso, eu vou conseguir.

Depois do trabalho, fui para a academia, não havia problema em chegar mais tarde em casa pois no dia seguinte eu não precisaria acordar tão cedo. O treino lá foi surpreendentemente bom, fiz tudo com calma e de atenção plena. Foi bom, produtivo e interessante. Quando saí, fumei a metade do cigarro que estava na minha mochila, sabendo que aquele seria o último, olhei para o céu azul escuro e me encantei com a lua crescente, que parecia sorrir pra mim.

Hoje: aproximadamente 8:00, 14 de setembro de 2018

Acordei de uma sequência incrivelmente longa de sonhos, a maioria de sonhos bons, pequenas cidadezinhas com céus estrelados. Fumei o resto do último paiol e joguei a ponta intragável no lixo. Era hoje, o dia de mudanças. Depois de limpar todo meu quarto, varrer toda aquela cinza espalhada e limpar os móveis daquelas pontas de cigarro, guardei as roupas, enchi as garrafas d'água e deixei tudo nos seus devidos lugares.Quando finalmente acabei, pensei: Dessa vez não vou me prometer nem me proibir, isso já me fez muito mal. Vou me permitir a recaída mas também vou me dedicar ao máximo evitá-la.
O dia foi complicado porque além da falta de internet, que já fazia dias, tive que ir e vir na escola aqui do lado umas boas vezes. A falta de organização deles me impediu de estagiar nas turmas que eu devia estagiar, além de me gastar um bom tempo e alguns banhos desnecessários, na sexta feira que vem devo começar a estagiar lá de novo. O dia foi dividido por alguns pensamentos de Gostaria de um cigarro agora. que eram seguidos rapidamente de Estou pensando em como gostaria de ter um cigarro agora. Estou pensando isso. Pensando.  

Hoje: aproximadamente 16:05, 14 de setembro de 2018

Peguei a sacola errada. Disse ao passar pela cozinha com a sacola cheia de bichos fechada novamente. Disse à minha mãe que procurava um papel com número de telefone que havia jogado no lixo. Na varanda, achei o meu saco de lixo, aquele que fechei mais cedo, junto com quase promessas e recomeços. Voltei ao quarto e tranquei a porta, lembrando de todas as vezes que fechei a mesma sem usar a chave mais cedo, porque até agora eu estava no recomeço, estava novo, estava tentando.Abro o saco e aquela ponta de paiol estava ali, logo em cima, olhando para mim. A frustração já tomava conta de mim mas era claramente mesclada e diminuída pela vontade. A vontade, aquela que mata. Peguei da lixeira também o tubo de caneta que usava para fumar essas pontas de paiol. Estou acostumado com essa vergonha solitária, vergonha de mim mesmo, fuçar o lixo por aqueles cigarros que me prometi não fumar novamente.
Coloquei a ponta na caneta e acendi, puxando do outro lado com força. Prazer. Um prazer danificado, desonesto e acompanhado de tudo aquilo que todas as tragadas me proporcionam. Um sentimento quente entrando garganta abaixo enquanto me satisfaz mas ao mesmo tempo me queima, arranha-me por dentro e me deixa logo em seguida com falta de ar, precisando respirar rapidamente para poder inalar ar o suficiente para me manter vivo e consciente. A garganta estranha, o pulmão pequeno e debilitado, o gosto de derrota e inferioridade. Tudo mais uma vez. Outra recaída daquelas depois de um plano daqueles. Logo após a primeira tragada, a vontade já tinha me abandonado, me deixando ali sozinho com o descontentamento e a tristeza, aquela que me acomete tão raramente esses dias mas que nunca me deixou esquecer sua cara.
Planejei repor o plano. Começar de novo. Amarrei a sacola e joguei fora. Disse tão determinadamente na minha cabeça que era quase como se as palavras saíssem da minha boca: Essa foi a última vez.
Mas se eu sei disso? Não. Já me abdiquei da certeza há tempos atrás. E hoje vou dormir com a dúvida e aquela pitada de determinação. Vou dormir talvez com a vontade e acordar com ela. Mas viver com a dúvida. E embora pesquise, estude e pergunte, parece não haver maneira certa ou eficaz. Espero não me cansar e apesar de tudo, continuo acreditando em mim. Então não vou desistir de falhar, mesmo que meu medo seja de que a grande corrente de falhas acabe sendo contraproducente, porque é tudo o que eu posso fazer. Tentar e falhar. E talvez seja tudo o que eu sempre pude. 
 

sábado, 1 de setembro de 2018

Coisa

Ontem foi uma coisa. Fui pra reunião, falei com o menino, falei muito. A coisa mesmo aconteceu quando eu soube que não iria ganhar o bônus do trabalho. Eu pensei que ia. Me disseram que ia. Mas não ia que nada, não ganhei! Fiquei de um jeito, que ó, foi uma coisa.
Estava coisado, mas aí menina, que olha só: No final entendi, aceitei, falei "poxa, ok". E hoje aconteceu. Acordei tarde, me espreguicei e decidi que o dia seria bom. Eu estava aceitado, curado, melhor, o ponto de ontem foi uma coisa mas hoje não seria, hoje foi uma coisa.
Estou ouvindo a música que fala "não cante vitória muito cedo, não", Belchior, da playlist que Consuelo fez. Respondo "não cantei vitória não". Engraçado.
Mas então eu acordei, sorri, tomei café, abracei minha mãe e falei com minha irmã  Eu só precisava arrumar a casa, esperar Roberto, meu amigo e aluno, chegar, e dar a aula dele. Depois o menino viria. Que dia! Vai ser uma coisa ótima. Minha irmã disse que havia um cara na frente do nosso portão, ele pediu pão, ela negou. Foi me dito para ficar atento, elas ficaram preocupadas e sabiam que o cara estava deitado na nossa calçada. Achei estranho, não tem muita gente transitando por aí. Moro longe de tudo e de todos, mesmo. Não vejo muita gente, uma comunidade pequena. E então eu arrumei a casa, falei com o menino, fiz planos na cabeça e esperei Roberto. Quando Roberto chegou, saí do banho e , olha a coisa aí, descobri que ele tinha sido assaltado. Fiquei impactado ao saber que ele inclusive levou um soco e foi jogado no chão. Pegaram tudo dele, a mochila com tudo, nosso curso, o dinheiro dele, o celular, foi tudo embora, ali naquela mochila. Tudo. E quando aconteceu a coisa, o homem que estava deitado no meu portão correu. Ele correu e deixou os chinelos, uma garrafa d'água e o papelão em que deitava. Devia estar desesperado. E imagina, ele também perdeu muito provavelmente tudo.
Fiquei triste, tentei ao máximo confortar Roberto e tentar acalmá-lo. Mas ele já estava muito calmo, Roberto é assim, racional. O outro problema é que nós vamos falar sobre o curso agora. Acho que não vamos ter mais aulas aqui. E ele mesmo disse isso. Ou seja, acho até que talvez ele não volte a querer ter aula comigo, afinal de contas, ele precisa resolver outras coisas agora, pagar outras coisas agora e talvez não possa mais ter aula comigo agora. Isso é uma coisa: perder mais da metade do que ganho. Como pode isso? Dois dias e eu tinha perdido muito dinheiro, como posso perder dinheiro? Tenho que pagar academia, psicóloga, passagem, meu livro de francês, FANTASMA DA ÓPERA. meu coração até acelera agora e fico nervoso no presente, mas o que relato aqui é o passado. Porque as coisas se misturam?
Roberto foi embora e as dúvidas me ficaram. O menino perguntou o que houve, disse a verdade. A verdade fez ele ter medo, disse que lhe era gatilho e o proibia de uma melhora e o jogava numa recaída, ou piora. Então diante do seu receio, disse que faria um plano louco que teria tido a indecência de ter cogitado mais cedo. Eu sou assim, gosto de sair de casa quando me sinto trancado mesmo que emocionalmente, preciso sentir o vento, ver minha casa do outro lado dos muros. Eu fui À Niterói comprar um cigarro. Uns. Inclusive aquele que o menino fuma. Estava ficando melhor, tanto que quando cheguei em casa, estava certo de que eu estava bem. A aceitação já tinha começado a mexer comigo. É isso. Essa coisa. Um cigarro fumado não foi a transformação esperada mas eu já sei. É um vício ruim, um hábito sim, mas nunca um remédio. Sua pressuposta cura me daria prazer e seu veneno me mataria, mata. Mas voltei pra casa, bem aceitado e respirando fundo.
O menino nem ia mais. Faria mal pra ele, o medo, ele tem medo. Eu fiquei outra coisa né. Mas ele tava passando pela aquela coisa dele, ele não é o culpado, foi a coisa.
Mas enquanto ele pensa nele, na coisa dele, fiquei pensando na minha coisa. E será que ele se afetou tanto quanto me afetou? Não sei. Mas a questão é eu não me afetar, não era? Sei nem mais. E isso quer dizer então que eu estou bem. Escrevo esse texto pra falar das coisas que foram esses dois dias. Muita coisa além disso conseguiu acontecer e eu te falaria isso se a gente estivesse numa conversinha boa agora. Mas é isso, escrever isso foi uma coisa, boa, imagino.