segunda-feira, 29 de maio de 2017

Amor

Calmo e inquieto. Leve e pesado. Rígido e maleável. Arrebatador e gentil. Amor não é emoção compartilhada, é traço pessoal. Amor define quem ama e deixa a pergunta de como amar pairar. Pairar e voar para longe, junto com a racionalidade doada daqueles que amaram e erraram. Por que é sempre bom no início e nem tão feliz no final. Superestimado e hiper categorizado, as vezes era mais fácil deixar ele simplesmente ser. Amar sem querer, por querer, onde der, onde quiser, onde puder. Outras vezes era mais fácil deixar ele simplesmente ir. Amar sem prender, sem querer, sem machucar. Tão usado, tão maltratado e tão julgado. Deixa todos os preconceitos amorosos pra lá e vem me mostrar como é que realmente se gosta. Me dá aquele seu carinho no cabelo no fim daquela tarde de quinta feira junto com o cheiro de cafezinho fresco. Vem me amar.

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Rejeição

Eu dou o meu melhor para ver a razão. Entender que uns não encaixam. Uns não gostam. Uns não querem. Uns não devem. Mas é tão ruim o sentimento de ser colocado de lado. De ser deixado, inutilizado. Eu dou o meu melhor para ver a razão, mas só consigo ver a rejeição. O não sutil e o adeus mascarado de até logo. É sentimento demais para converter em racionalidade, a balança desequilibra. Eu dou o meu melhor para ver a razão, que isso é a vida. Que gosto é subjetivo e amor não se encontra em cada esquina. Mas é muito sentimento. Muita coisa. Então fico triste. Fico rejeitado. Eu dou o meu melhor para ver a razão. Ver que a repetição da quebra e a quantidade de vezes que deu errado é normal. Ver que há insistência na dor e tá tudo bem nisso. Eu dou o meu melhor. Mas as vezes meu melhor não é o bastante. 

domingo, 21 de maio de 2017

Demônios

Tenho medo dos demônios. Esses que moram aqui dentro. São vândalos, destroem meu espírito. Tento expulsá-los, tento matá-los, mas não consigo. Quero caçá-los, tê-los em minha mão e não o contrário. Tomar controle de mim e respirar por mim e amar por mim. Entender por mim, ser feliz por mim e ter raiva por mim. Não por eles, demônios sujos. Mas eu os crio, os alimento. Dou comida, casa e atenção. Eles sabem que sou mole e se aproveitam disso. Se aproveitam de mim. Malditos. Antes de dormir, imagino meus dias sem eles. Planejo futuros livres e independentes. Dias chuvosos, felizes e confortáveis. E se não consigo acabar com meus demônios agora, dou ao tempo o encargo. Me deixo levar sem realmente ter me dado. Deixo eles pensarem que me tem. Ganho tempo. Cresço, aprendo, fortaleço, não pereço. E dia por dia, golpe por golpe, corte por corte, viro assassino. Tomo de volta o que é meu. Livre. Novo. Ex-refém. Matador de demônios.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Testemunho de invasão

O carinho vinha de seus dedos feito lixa
Áspero, pegajoso, asqueroso
Sua respiração corroía minha nuca
Por quê tão perto? Tão íntimo
Não quero
Não quero mas não nego
Momento, embaraço, mente confusa
Choque
Sinto seu prazer encostar no meu corpo
Mas de mim, só nojo, repulsa
Estou sujo
Finjo sono pesado, finjo de morto
Mas ele continua insistindo
"Posso te roubar um beijo?"
Por que beijei?
Não sei
Não quero
Sujo
Me sinto sujo
Não desejo à ninguém tais invasões
Não desejo à ninguém o corrompimento dos seus limites
Não desejo à ninguém
Não desejo
Não
Só isso
"Não"

sábado, 13 de maio de 2017

Gratidão para alguma coisa, deus, natureza ou só eu mesmo.


As risadas com meus amigos, minhas e deles
As viagens vigiadas pela lua cheia
O carinho do vento no rosto, nos dedos do lado de fora da janela do carro
As vistas
As músicas
Os filmes
As partidas ganhadas
O doce
O cheiro de café de manhã cedinho
O choro
O sentido em continuar
O pensar, o existir
A aceitação
As piadas internas, a sincronia e o amor compartilhado
Os amores
Os sexos, os beijos
Os feitos, os desejos
O avanço, o crescimento
Os devaneios, pensamentos em segredo
A reflexão inspirada da tardinha de sábado
O estar aqui. Viver aqui
O querer
O ser