domingo, 25 de junho de 2017

Divagações do significado da arte

Arte. O que é arte?
Arte é subjetiva. Então, começando por aí, vemos que ela não é pública, mas estritamente pessoal.
Pra mim, por exemplo, a arte está em se expressar. Tirar algo de dentro de você e pôr na ponta dos dedos. E produzir. Agora, o produto pode agradar ou não. Pode ser belo ou feio. Pode ser bom ou ruim. Mas a questão é: Quem pode dizer?
Você acabou de se materializar, tirar um pedacinho de você e expor aos outros. Você está pegando o seu íntimo e se despindo. Mostrando aos outros uma parte de você tão secreta que chega a ser embaraçoso.
Eu, Eduardo Bessa, escrevo. E essa é a minha forma de arte. É a minha forma de me mostrar e dialogar comigo mesmo. É só me colocando em palavras que consigo entender a mim mesmo. Só assim eu consigo me entender e ter um pouco de compaixão à mim mesmo. É depois de terminar de escrever meus textos e parando para revisá-los que eu percebo o que está realmente acontecendo com o mundo. O que está acontecendo comigo. Pra mim, arte é clareza.
E as vezes me sinto mal por que não escrevo. Me sinto um traidor porque sei que quando está tudo bem eu não me sento em frente o computador e produzo. Não há pensamentos confusos e épocas tempestuosas para por na mesa e dissecar. E então chego a conclusão de que a arte também pode ser egoísta. Tão requisitada mas muitas vezes facilmente descartada como remédios de alguém que interrompeu o tratamento cedo demais.
Por fim, arte é arte. Tão inteira e autônoma que é quase uma piada tentar defini-la em palavras. Assim como o amor, é comercializada, vendida e culturalmente conhecida. Mas diferente e única para cada um. Intrínseca em cada um de nós com tanta naturalidade e complexidade que muitas vezes não a reconhecemos. Mas estará sempre lá, a arte. E quando precisarmos de ajuda, chamamos ela. Porque só a arte salva.

Lugar de conforto

Me desculpe razão, mas não importa o quanto eu te idolatre, você não tem espaço nesse argumento. Porque eu sei, qualquer um diria que aqui é meu lugar de conforto. No quarto da minha casa na minha cidade pacata às sete da noite com a brisa fresca entrando pela janela. A música me agrada, o clima também. E minha casa é a mais ordinária e cheia de conforto que se possa imaginar. Mas não é aqui. Não é aqui meu lugar para agora.
Acho que talvez esse seja bem longe daqui, no alto de uma montanha a ver o sol se por. Ouvindo música com algumas companhias agradáveis que insistem em conversar sobre os porquês e pra quês da vida. Talvez meu lugar não seja físico. Talvez seja tudo na minha cabeça.
Na verdade, é claro que está tudo na minha cabeça. E fugir talvez me distanciasse dos problemas que me cercam por aqui. Fugir com as pernas ajuda a fugir com a mente, provavelmente porque somos limitados psicologicamente nesse quesito. E isso é bom, não?

A nitidez da dor compartilhada

  Só se passa na minha cabeça. Ninguém me vê sentindo por eles, mas eu sinto. Até mesmo agora entre as minhas dúvidas de quais palavras escolher e onde encaixar os pontos e vírgulas, eu sinto por eles. Vejo na sua frustração aquela dor incompreendida. Entendo o porquê. Tenho compaixão. É como me ver num espelho, e é justamente por isso que eu sei que não há muito o que fazer. Não posso ajudar. Certos tipos de dor só se resolvem quando a ajuda vem de dentro, e nem mil palavras serviriam. Eu vejo eles rangerem, consigo imaginar cada peito sendo apertado por aquela agonia tóxica. Gostaria de poder fazer algo quanto às dores compartilhadas, mas me reservo na minha impotência. Desejando por tudo não ser tão maleável e mutável. Desejando não ser tão suscetível e dependente do que me cerca. Desejando não ser tanto como mim mesmo.

sábado, 17 de junho de 2017

Insatisfação hereditária

  É muito tempo perdido procurando . Somos, desde o início, procuradores. Sedentos. Felicidade? Amor? E aí acabo no clichê. Mas não quero um texto com teor de distopia literária adolescente. Quero um verdadeiro questionamento. Procuramos, e muito. Não achamos com frequência e quando conseguimos algo de fato, nos questionamos se aquilo é realmente o que queríamos. Somos, por natureza, insatisfeitos.
  De acordo com provas pessoais nada palpáveis (mas com certeza testemunháveis) posso afirmar que muitas das vezes quanto mais procuramos, menos achamos. Não me refiro aos amores perdidos ou almas gêmeas destinadas a ser. Quero falar dos sentimentos, estados de espírito. A ânsia em ser nos afasta, quanto mais desespero aplicamos na procura, mais embaçada a jornada fica. E um dia, na viagem de volta pra casa, livre de quaisquer pretensões, sentimos. Os encontros com a felicidade são porque ela nos achou, e não o contrário.