O turbilhão subiu das pernas para o peito
Deixou minhas panturrilhas com um vazio dolorido
Mas a latência involuntária não é mais como mil agulhas
Agora é pano quente que cobre meu tronco, pesado e úmido
Queria, num banho de rio, sentir tudo afora pela água
E os restos, que a correnteza levasse
Mas água não cura solidão
E solidão velha e impregnada que nem essa não lava fácil
Antes as barras dessa prisão fossem concretas
E os guardas, que decidem tão facilmente meu ir e vir, fossem cruéis
E o colchão justificasse minha insônia
E as paredes infiltradas dessem nome à minha doença
Mas aqui amor é disfarçado de culpa
Cobrança é vendida como segurança à preço de dólar
Estar sozinho, pelo visto, foi minha escolha
Da cabeça aos pés, turbilhão
E em algum lugar uma criança vai à rua
Me vê 2 reais de pão e uma coca
E seus sentidos anseiam, no máximo, pelo dia seguinte
E seu corpo, da cabeça aos pés, simplesmente é
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