Se me dessem um dia no futuro
não gostaria, e meu corpo empolaria em feridas
que abririam em sangue
A matéria desse corpo é do presente
Se me dessem um dia no passado
não gostaria, e meus sentidos falhariam
Língua áspera, olhos secos, nariz dormente e digitais rasgadas
A matéria desse corpo é do presente
E não digo que sou bobo
que perderia os números de loteria
ou que não aproveitaria melhor das despedidas
que quando se deram nem nome tinham
Apenas aceito, com a prepotência de cogitar
hipóteses possíveis ou iludidas
porque se tudo me diz que é aqui onde devo estar
tiro a responsabilidade dos meus ombros e entrego ao tempo
E se tudo me diz que aqui devo permanecer
Até que aqui torne-se lá
Já não sou obrigado e nem responsável
Deixo o universo, o fluxo das águas
a direção dos ventos e do tempo decidirem
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