sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Tombo

Hoje eu caí. Caí de lado com força no chão. Mas as circunstâncias foram, no mínimo, diferentes de um tombo normal. O que me jogou no chão da rua não foi mera gravidade, foi uma bicicleta enorme com um cara em cima. Ele caiu comigo também. Caímos juntos. Ouvi alguns palavrões mas não sei quais ele falou e quais eu falei, foi uma confusão total. Quando levantei, perplexo, o cara começou a examinar a sua bicicleta enquanto me ofendia, explodindo de raiva. Apenas olhei ele enquanto terminava de analisar sua bicicleta, subia na mesma e ia embora.
Cadê a FUCKING empatia? Compaixão? Consideração, sei lá a melhor palavra. Bem, com tantos anos nesse mundo seco e desprovido de boas maneiras, o surpreendente é ainda nos surpreendermos com essas coisas.
As partes que ralei e cortei agora ardem quando tomo banho. As feridas são sem graça mas doem que nem o inferno, qual é a graça disso?! Deveria ser o contrário. Minha camisa rasgada virou pano de chão em menos de 5 horas.
Engraçado é que eu fiquei procurando um pensamento certo. Algo que devesse ser pensado após ser atropelado por uma bicicleta. Pensei no meu irmão que morreu atropelado por um carro. Foi a minha experiência mais próxima disso. Mas não... Algo mais. Procurei no decorrer do dia alguma faísca do que eu deveria pensar. Dor? Tristeza? Fúria? Nada. É claro que fiquei bem descontente. Quero dizer, eu nunca tinha visto uma bicicleta tão grande. Eu capotei no asfalto com um completo estranho que posteriormente iria me chamar de nomes feios. Mas e agora? É perturbador esse vazio preenchendo o lugar daquilo que achamos merecer alguma coisa importante. O vazio que substitui seja lá o que for que deveríamos sentir. Deveríamos pensar.
Bem, fazer o que. Parece que vou continuar como ontem, depois como hoje e depois como amanhã. Fazer caso das coisas pequenas só porque quero e ignorar os tombos que levo. 

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