segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Meus olhos

Fiquei frustrado ao saber que tive uma ideia usada. A divagar sobre meus olhos, tive-os como uma extensão de mim mesmo. Uma janela para uma parte íntima e pessoal de mim. E é aí que Leonardo da Vinci chegou algumas centenas de anos mais cedo, dizendo:
"Os olhos são a janela da alma e o espelho do mundo."
Vamos aos meus olhos. Eles são castanhos.Vinte um anos. Cresceram bem, enxergam de perto ou de longe. Já choraram muito e viram o dobro. Meus olhos. Lembro quando falaram que estes eram tristes, que mostravam o sofrimento que eu já havia passado e até mesmo o qual eu ainda iria passar. Outros disseram que meus olhos traziam um olhar infantil. Uma inocência que poderia, inclusive, ser o motivo da minha feição de criança. Ah, meus olhos....
Passei algum tempo perguntando o que eles queriam dizer. O porquê das suas ideias quanto aos meus olhos. Até que procurei a resposta no lugar onde todos os autoquestionamentos tomam vida: em mim. No dono dos olhos infantis. E lembrei que somos todos caixinhas. Maiores com o passar do tempo, sempre a encher-se de experiências, emoções, traumas, memórias, dores e amores. Sou uma caixinha e nem me disponho a começar a listar todo conteúdo. Há um erro obscuro em querer se definir com totalidade. Mas pense nessa caixinha de olhos. Meus olhos.
Entre mil coisas, sou de sentimentos. De sentir. De amar, animar, ter medo, de esperar, de desejo. Sou da sensibilidade e do favor ao autoconhecimento livre de quaisquer preconceitos. Sentir é arte e sentir demais faz parte. Talvez seja isso que meus olhos passam. Não é tristeza ou infantilidade. É essa pequena parte intrínseca, sensível e iluminada que guardo no meu peito durante todos esses anos. Uma essência que quase consegue me definir.
E volta e meia me pego com receio de manter as janelas abertas. O que vão pensar de minha casa? Os móveis vivem desarrumados e as roupas sujas se espalham pelo chão. Espero que alguém veja que não sou de todo bagunça. Espero que alguém veja que há ordem nesse pequeno caos que sou eu. Quando espiarem pelas minhas janelas, espero que vejam certo. Espero que me vejam.

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