Desde criança as porções era muitas
do biscoito só os farelos na boca
boca que não falou tanto desde sempre
mas quando aprendeu só calou para fumar
Desde criança as lágrimas eram muitas
Corrida de gotas na janela do ônibus e na face
o peito sempre cheio, coração sempre estourando
mão estranha que aperta, humilha e retorce o órgão
Desde criança os anseios eram muitos
do medo um relacionamento abusivo
do cativeiro um falso lar
do espelho uma mentira que ecoa
Desde criança as necessidades eram muitas
Fome, sede e sono fingiram ser mais importantes
Mas o amor faltou e a noite chegou
Fria, dura, longa, de castigo
E desde criança correu
E correu, e correu, e correu
Sempre pensou que tinha onde chegar
E se enganou
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