domingo, 9 de outubro de 2022

Lugares e Pessoas

 Como meus antigos dessas terras, o espelho me deixa atônito
Também como eles, daqui às ilhas do Caribe, tive algo roubado 
O lugar, as Pessoas, todos que estavam ali. 
Possuídos, condicionados, cortados.

As ruas dos lugares que vivi trazem um pouco daquilo que não se tem mais
nas memórias enfurnadas entre os comércios, ruas, casas, praças e rostos conhecidos.
Mas metade das portas foram fechadas e o vento já não leva uma brisa tão fresca pelas ruas como antes. 
E pior, até mesmo minha antiga casa virou parte da realidade bruta, que espanca a memória.

Lugares continuam a existir sem que estejamos lá, o mundo de fato, gira. 
Mas quando voltamos, porque já não vemos mais nada? Não sentimos mais nada
Não há com quem falar, não há teto onde dormir, há apenas um lugar
Que existiu mas hoje faz algum papel que não me incomodo em explorar

As Pessoas não continuam
Como colonizados, levados embora, um à um 
Ou eu, ou eles, não fujo da fila nem tento interromper a roda, que gire
Às vezes, até mesmo, por vontade própria,
com despedidas esganadas pelos dentes que saem pelos lábios quase como um suspiro

Os lugares e as Pessoas vão
E não saber pertencer pode até não ser tão ruim quanto não saber sobreviver
à todas as mudanças e navios piratas que nos levam de tempestade em tempestade
E passamos os dias nos perguntando até quando esse casco irá suportar o tranco das marés

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