quinta-feira, 29 de setembro de 2016

Rio

Me desculpe porque sou ladrão
Roubei de você os jeitos de sentir, ver e viver
É assim que eu amo: Crescendo, coletando, ampliando
Não somos a água do rio
A água é, na verdade, todo o resto
Somos o corpo nu, parado no meio do fluxo aquático
A água fria batendo nas cinturas com respingos gelados no peito
Tudo passa, nos toca, nos molha, nos transforma e vai embora
Ainda meio submerso, teimoso eu, agarrei de ti os cascalhos entre meus dedos do pé
Mas não se preocupe, de você eu só tenho isso
Fragmentos. Pequenos presentes da correnteza
Assim como eu, você tem seu rio, sua corrente, seu corpo molhado
E embora sejamos únicos, independentes, divinos
Vivemos em um mundo de água onde tudo está conectado
Tudo tem um ar familiar, tudo é um só
Tudo vem, tudo passa, tudo vai
Então qualquer água dessas eu te vejo
Qualquer água dessas eu te beijo
Qualquer água dessas meu rio cruza com o seu, toca sua pele e vai embora
E quanto mais eu vejo como tudo é passageiro, mais eu amo o agora

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