Por que esse sentimento singular de que você é único? Na verdade, não é que eu sinta isso, o que sinto é outra coisa. O que sinto é que meu sentimento por você é único, singular, excêntrico, sem par. Mas por esse momento de texto divagante, vamos levar em conta que não somos únicos. Que somos todos iguais. ( Me desculpe mãe terra, sei que tu nos criaste todos únicos até as pontas dos cabelos, eu só quero ignorar tal fato para, por um momento, sustentar minha ideia.)
Desde que a raposa falou para o pequeno menino príncipe sobre o que é essencial, venho com essa ideia de unidade. Te peguei como uma rosa igual entre todas as rosas, e aí você me cativou, e aí eu te vi como uma rosa diferente, singular.
Mas já não te quero. Rosa, saia daqui! Pena que, embora lhe vire o rosto, ainda consigo sentir teu perfume, ver, mesmo de olhos fechados, sua beleza cativante. Seu vermelho ardente ainda me aquece, mesmo contra minha vontade. Maldita ideia de unidade. Maldita ideia de que você é único!
Me prendo a toa. Passo por outras rosas e não dou seu devido valor porque me cativei a você. E mesmo tirando pétala sim e pétala não perguntando "ele me ama?" você continua na minha mão, viva e assustadoramente perfeita. Única.
Então porque? Porque apontamos os outros e os unificamos? Num mundo tão solitário e frio tais atitudes são no mínimo irracionais e mal pensadas. Não vou dizer que quem manda é o coração. Acredito que nossos sentimentos não são independentes. Eles são nós assim como somos eles. Mas digo, sim, que somos estúpidos. Somos seres desprovidos de cautela que amam, gostam, odeiam e unificam os outros.
Mas você me entende quando digo que a estupidez é nossa maior fraqueza mas ainda assim nossa maior força?
Somos todos estúpidos, e eu gosto disso.
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