Imagina se eu fosse que nem minha ID. Uma sequência de números. Quase único. Me pouparia de questões, de mudanças, de dúvidas. Seria fixo, permanente, assíduo. Mas cá estou eu, longe do padrão, a constante comparação, muitas vezes em contramão. Estaria eu definido nas minhas músicas? Nas coisas que assisto, na arte que absorvo? Ou será que minhas premissas partem de quem eu amo? Eu, tu, ele, nós, vós, eles. Ou do que eu como? Feijão embaixo do arroz. Do que eu rio? Trocadilhos sem graça. Do que eu sinto? Ah... quanta coisa. De vez em quando me identifico no vento, sempre indo, rodopiando e dançando, sendo levado pra onde é mais fácil, pra onde eu devo ir. Mas e agora que as folhas das árvores estão paradas? E agora que não há o que me levar, não há quem me guiar? Pra onde vou?
Quem
sou
eu?
Seria a resposta disso a mesma de quem eu gostaria de ser? Ou de quem eu deveria ser? Quantas perguntas, minha cabeça cansa. Vamos, então, pra fim de conversa, me considerar água.
Assim, eu tenho várias formas. Tenho várias cores, vários sabores ou até mesmo nenhum. Sou mutável, sou impermanente. Venho, fico e vou. Quem sou eu? Ora essa, sou água.
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agua que corre
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