domingo, 25 de junho de 2017

A nitidez da dor compartilhada

  Só se passa na minha cabeça. Ninguém me vê sentindo por eles, mas eu sinto. Até mesmo agora entre as minhas dúvidas de quais palavras escolher e onde encaixar os pontos e vírgulas, eu sinto por eles. Vejo na sua frustração aquela dor incompreendida. Entendo o porquê. Tenho compaixão. É como me ver num espelho, e é justamente por isso que eu sei que não há muito o que fazer. Não posso ajudar. Certos tipos de dor só se resolvem quando a ajuda vem de dentro, e nem mil palavras serviriam. Eu vejo eles rangerem, consigo imaginar cada peito sendo apertado por aquela agonia tóxica. Gostaria de poder fazer algo quanto às dores compartilhadas, mas me reservo na minha impotência. Desejando por tudo não ser tão maleável e mutável. Desejando não ser tão suscetível e dependente do que me cerca. Desejando não ser tanto como mim mesmo.

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