domingo, 10 de fevereiro de 2019

Menor/Maior

Eu me perco sempre.
Esse texto por si só é um caminho errado, um lugar inédito onde minha experiência não tem lugar. Vou aqui jogar palavras do que sinto, e embora Fernando Pessoa tenha me dito que o poeta é um fingidor que chega a fingir a dor que deveras sente, vou me jogar nele. Esse texto é um pedaço de mim, tão verdadeiro quanto um órgão ainda pulsante e vermelho, encharcado de sangue.
Aqui vou ser sincero, independente do que minha sinceridade de mim mesmo possa trazer em retorno, independente do que interpretem, ou sintam, ou pensem. Essas palavras são minhas e somente minhas. Essas verdades me possuem como um espírito enjaulado que anseia desesperadamente por liberdade. É hora de libertação.
Esse ano vou fazer 23. Vinte e três anos sendo. Vinte e três anos mudando de lugar, mente e corpo. Sempre vivendo e constantemente tentando me provar o contrário. Todos esses anos para chegar aqui e finalmente saber, entender e aceitar. Reconhecer. Fui deixado como fui amado. Fui evitado como fui chamado. Por vinte e três anos eu errei, aprendi e tentei de novo. Conquistei, cresci e o mais importante, mudei. Não porque desgostava das versões anteriores de mim, mas porque, em algum momento, aceitei que era hora de partir. É sempre hora de partir, dizer adeus. Sei que nasci inteiro e pouco a pouco fui me dividindo. Fui me repartindo. Sempre uma parte menor que a anterior mas incrivelmente mais densa. Não tenho cicatrizes porque deixei essas partes irem. As vezes membros fantasmas me assombram. Mas são o que são, fantasmas. E o passado é o que é, cruel e apegado, portador das partes que deixei pra trás. Sei que muito de mim ainda irá quebrar. Ainda tenho muitas despedidas pela frente. Darei ao tempo o que é do tempo. Irei manter pra mim o que é meu.
Vou longe, cada vez menor, cada vez maior. Irei amar até onde for pra amar. Irei sofrer até onde for pra sofrer. Irei até onde for pra ir e em algum momento, onde meu caminho acabar e meu destino se finalizar como uma rua sem saída, serei o fim. E o fim é o fim, como eu sou eu, como o sol é o sol e como a água é a água. E então uma jornada terá acabado, minha jornada, perfeita e incrível por ser minha e somente minha, como as palavras que escrevo e os sentimentos que sinto.
Com todas as minhas dores e meus prazeres, sou um quebra cabeça sempre no meio do caminho, cada vez com mais peças encaixadas e com o dobro faltando. Esse é o nome do jogo e vou jogá-lo enquanto puder.

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