quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Céu

Hoje, enquanto nadava de costas ( desengonçado e com água entrando pelas narinas e boca), olhei para o céu. Estava com algumas nuvens cinzas, cercadas pelo azul opressor. Alguns pássaros voavam beeeem ao longe. Não sei quais pássaros eram. Aqueles que sempre tem no céu, sabe? Me perguntei se eles, os pássaros, estariam voando plenamente, sentindo o vento bater nas suas asas e suas penas fazendo força para se soltar do corpo, a diferença de pressão com a altura que eles estavam e tudo mais. Talvez estivessem. Digo isso porque não acho que eles foram criados numa cultura truculenta onde o passado e futuro têm mais força que o presente. Assim como os outros animais, eles foram poupados disso. Ah, pobre de nós humanos...
Então me atentei ao céu, logo depois dos pássaros voando em atenção plena. Acho que o céu é o pedacinho de vida que tanta gente insiste em se agarrar. Quero dizer, pra mim, uma das opções mais viáveis do que há depois da morte é o nada. Pensamento um tanto perturbador, este. Vou me apressar: A vida é tão bela e o céu é tão belo que as pessoas se agarram a eles. Procuram uma vida após a morte com céu acima das nuvens ou inferno abaixo da terra. Amamos muito o lugar em que vivemos mesmo inconscientemente. Nos apegamos às coisas sem notar. O paraíso e o inferno estão aqui. Agora. E eles precisam ser valorizados.

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