Tudo ao mesmo tempo
Todas as emoções, todas as faltas
Tudo ao mesmo tempo
Todos os vícios, todas as dádivas
que, momento ou outro, recebo
Mas de resto, é tudo
Tudo ao mesmo tempo
Chego em casa, onde tomo minha dose?
De tantas substâncias, virei pó
E se me colocam na palma da mão
Desapareço com um sopro
Tudo ao mesmo tempo
Meu ensino superior? Lascou
Relacionamento? Acabou
Nem me demitir consegui
Como um arrebatamento,
estou preso entre andares
Nem vida, nem morte
Mas tudo ao mesmo tempo
E meus dons, fui perdendo
Não ao mesmo tempo
Pouco a pouco, lá dentro
Como um cacto sendo despido
Espinho por espinho
Tenho medo
De tudo, todo o tempo
Mas principalmente
tenho medo de que eu mesmo
não dê mais espaço ao que fui
nem sala ao que posso ser
Como deve ser
dar um passo apenas depois do outro,
não antes
Como deve ser, não enrolar as pernas
Deixar cada coisa no seu tempo
E eu, todo
Respeitar o momento
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