É manhã
Não sei se aprendi
Silêncio
Não escrevo mais, isso esqueci
Agora só faço versos
de melodias que não sei cantar
Hoje trabalho
Coloco meu pé no mundo
Mas tenho medo
O mesmo de ontem e do ano passado
Ainda sei falar?
Drummond e Pessoa me tiraram as rédeas da rima
Quais me prendem agora?
Não sei
Silêncio
Onde está o peso das minhas palavras?
Foi uma boa ideia voltar aqui?
Num tempo de tantas voltas, nenhuma me edifica
E mesmo ele me romperia
É tudo por um bem maior
Essas águas vão passar?
Silêncio
Hoje vou levar o dia contemplando
Onde foram parar meus pensamentos
De quando era poeta
Onde está situada minha estrutura
de quando era diferente, mas firme
Silêncio
É difícil me despedir de um poema
Que me deixou triste por mostrar
O que eu já fui um dia
pela contraposição do que não tenho
Espero
Que a referência então seja do futuro
Para que eu contraponha a luz com meu presente
Que é iluminado por feixes escassos
E mesmo em fragalhos
Às vezes meus olhos castanhos ainda iluminam
Silêncio
Iluminam?
É um marrom diferente quando acontece
Como se meus olhos perdessem vendas
E ganhassem cor
Silêncio
Sejá lá como for