Jaz aqui um coração querido
nem morto e nem ido
Repousa em paz, distante e taciturno
Cansado e preguiçoso
Jaz aqui um coração querido
Já não vê, já não ouve, já não toca
Já não sente
De olhos fechados, pede por eutanásia
Jaz aqui um coração querido
que se enche e se entorpece
de cafezinho, bebidas em etanol
tabaco e cinzas
Jaz aqui um coração querido
tão querido que fugiu
pra onde é mais fácil
para longe do asco
Jaz aqui um coração querido
medroso de abrir os olhos e ver
a verdade que dói, o passado que corrói,
o futuro que não chega pra ninguém
Jaz aqui um coração querido
que já foi destemido
que uma vez me deu o sorriso
permissão aos sentidos
Jaz aqui um coração querido
contra todos os ímpetos que me impediram
de enfiar a mão no peito e arrancar fora
Pegar, apertar, sangrar
Jaz aqui um coração querido
que é querido porque é meu
bombeia o sangue
diz que estou vivo
Jaz aqui um coração
Meu coração, quase um filho
de mais ninguém
O meu querido
Nenhum comentário:
Postar um comentário