E todas as vezes que chegava em casa e respondia "está tudo bem, sim" para sua mãe sabia, com dor, que era melhor poupá-la do sofrimento que colhia nas ruas, da rejeição e da apatia gratuita. Não havia porquê levar seu sofrimento pra casa, aquele era seu e mesmo que o distribuísse em pequenas doses de vez em quando, haviam aqueles que não mereciam.
Não estava acostumado, era a primeira vez que saíra de um conforto abafado e humano para o mundo, a primeira vez que nascia e vivia, e como todas as primeiras vezes se encontrava bastante (perdido). E não importa quantas sejam as repetições, como já dizia Renato Russo, a primeira vez sempre a ultima chance. Estava aqui, após não sei quantos anos, vivendo sua primeira vida e esperando o quê ia ser dele até o dia da sua primeira morte.
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