domingo, 19 de março de 2017
Cigarro
Tentei inutilmente não acordá-lo ao sair do sofá e tirar suas pernas do meu colo. Fui até a janela e agradeci pela brisa que tocava meu rosto, estava fresco lá fora. O homem da Sérvia já estava acordado quando eu sinalizei para seu maço de cigarros para pedir permissão antes de pegar um. Ao abrir, vi que havia um cigarro de cabeça pra baixo, sei que há certos motivos pra isso e não o peguei. Ele me avisou sobre isso quando já estava pra acender o cigarro na boca, acenei positivamente. Em tragadas rápidas e nervosas acabei com ele rápido. Nunca tinha fumado tanto em tão pouco tempo, minha pressão abaixa. Nas últimas tragadas eu sopro a fumaça e vejo nas formas cinzas que voam pela janela do quinto andar a minha vontade de sensibilizar e deixar tudo mais íntimo. Mas é só fumaça. É só ar cinza se dissipando no ar frio das ruas de Icaraí. Sempre mais simples do que parece.
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