segunda-feira, 6 de outubro de 2025

Pouco

Eu quis
a todo custo
recuperar o que perdi 
Me distanciei ao máximo 
de tudo o que uma vez decidi 
Ser,
e mais, viver
nunca foi tão difícil 
Partido ao meio e em fragalhos 
perdido e agarrado ao descaso 
fui me tornando mais raso 
pra fugir daquela dor 
fui diminuindo 
pra caber
dentro
de mim 
mais uma vez
longe de todo amor 
e perto de toda saudade 
Jogo os braços pra cima num impulso 
de agarrar em algo que me salvaria de mim mesmo 
Mas estou cansado de lutar para não afundar
enquanto me disparo palavra por palavra 
É só mais uma tentativa desesperada
Por algo que nem sei mais o nome 
Alguma coisa que me acalme 
E me dê contorno sólido 
Pra falhar de novo 
Outra vez 
Pouco






quinta-feira, 19 de junho de 2025

Uma copia barata de fernando pessoa

Por mais incrível que pareça

Por mais risório

Não  explodi 


Não voei como pó 

Não sumi do mundo 

Não  sucumbi


Por quê? Pra quem? 

Do custo guardei todos os cupons fiscais

Da perda guardei todas as memórias 


Porque ficaram todos lá 

E não voltaram


Mas continuei 

Só eu

Onde estão os que tem meu sangue

senão frios, por baixo ou por cima

da terra fria, que come e corrói 


Quem vai me provar

que esse tempo não é extra

e que há  um motivo 

Para percorrer esses corredores

Varrer esse chão, fechar essas janelas

Abrir essas janelas


Quem vai me convencer

De que é certo estar aqui

De que valeu a pena ir tão longe


E suportar tanto

É como levar um copo dágua às fontes

E ir tão  longe

É como escrever um livro sem letras, sem história 

E continuar tentando

É como desistir, e perder

E perder, e perder

e perder