terça-feira, 17 de setembro de 2024

É manhã

É manhã
Não sei se aprendi

Silêncio

Não escrevo mais, isso esqueci
Agora só faço versos 
de melodias que não sei cantar

Hoje trabalho
Coloco meu pé no mundo
Mas tenho medo 
O mesmo de ontem e do ano passado 

Ainda sei falar?
Drummond e Pessoa me tiraram as rédeas da rima 
Quais me prendem agora?
Não sei

Silêncio

Onde está o peso das minhas palavras?
Foi uma boa ideia voltar aqui?
Num tempo de tantas voltas, nenhuma me edifica
E mesmo ele me romperia 

É tudo por um bem maior
Essas águas vão passar?

Silêncio

Hoje vou levar o dia contemplando 
Onde foram parar meus pensamentos
De quando era poeta
Onde está situada minha estrutura
de quando era diferente, mas firme

Silêncio

É difícil me despedir de um poema
Que me deixou triste por mostrar
O que eu já fui um dia
pela contraposição do que não tenho

Espero
Que a referência então seja do futuro 
Para que eu contraponha a luz com meu presente
Que é iluminado por feixes escassos
E mesmo em fragalhos
Às vezes meus olhos castanhos ainda iluminam

Silêncio

Iluminam?
É um marrom diferente quando acontece
Como se meus olhos perdessem vendas 
E ganhassem cor

Silêncio

Sejá lá como for